sexta-feira, 26 de junho de 2009

Câmara aprova autarquia para fiscalizar fundos de pensão

Várias matérias saíram em alguns jornais sobre a aprovação da PREVIC pela Câmara dos Deputados. Vou divulgar as duas que achei mais completas para que possamos discutir a questão.

A Câmara dos Deputados aprovou ontem o projeto de criação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), uma nova e mais poderosa estrutura de fiscalização do poder público sobre as entidades fechadas de previdência complementar, mais conhecidas como "fundos de pensão". O projeto ainda será submetido à votação do Senado. Aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente da República, a Previc vai gerenciar o oitavo sistema de fundos de pensão do mundo. O patrimônio estimado de todo o sistema brasileira é de R$ 420 bilhões, mas é um dos poucos no planeta a não ter uma autarquia para supervisioná-lo. Mais de 6 milhões de pessoas integram o sistema. Há 31 anos cabia a um braço do Executivo - a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) - a fiscalização sobre os fundos de pensão. A SPC efetivamente não estava dando conta do serviço: em 2008, de um total de 174 fiscalizações previstas, foram iniciadas somente 158 (90,8%) e concluídas 140 (80,5%).

Todos os funcionários e ex-secretários da SPC concordam que sua transformação numa autarquia vai tornar o órgão mais poderoso e eficiente. Todos os partidos votaram pela aprovação do projeto de lei do Executivo. A Previc terá quadro próprio de funcionários, concursados e de carreira. Na área da regulação, também foi criado um Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Sua composição será quadripartite (poder público; participantes e assistidos; patrocinadores e instituidores; e fundos de pensão). Haverá também uma instância de Recursos e de Julgamento, denominada Câmara de Recursos da Previdência Complementar. Caberá a essa câmara decidir sobre sanções a serem aplicadas aos fundos de pensão. Foi criada, ainda, a Câmara de Mediação e Arbitragem, na qual devem ser dirimidos - de preferência por meio da conciliação - os interesses dos fundos de pensão, dos patrocinadores e dos participantes e assistidos. A Previc terá receita própria: uma taxa de fiscalização a ser paga pelas entidades fiscalizadas. Estima-se que chegue a R$ 33 milhões anuais. (Com agências noticiosas)
Fonte: Valor Econômico

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O projeto de lei nº 3.962/08, que cria a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) foi aprovado ontem (24), na Câmara dos Deputados. O projeto segue agora para o Senado, e, se aprovado, dotará o sistema de previdência complementar de um órgão moderno de supervisão e fiscalização, com quadro próprio de funcionários, concursados e de carreira.

A exemplo de há quatro anos, a ABRAPP apóia a nova tentativa do governo de criar a PREVIC. E o faz por acreditar que um órgão de Estado, dispondo de autonomia administrativa e orçamentária que lhe garanta maior liberdade e recursos humanos e materiais suficientes, terá melhores meios para enfrentar o desafio da supervisão e fiscalização de um sistema de fundos de pensão em mais rápido crescimento.

Nessa linha, a ABRAPP buscou esclarecer os deputados sobre a importância da aprovação do projeto, através de seguidos encontros mantidos ao longo dos últimos meses. E fará agora o mesmo no Senado, contando inclusive para isso com um blog (no endereço
http://previcja.wordpress.com/) onde se encontram dezenas de depoimentos favoráveis à PREVIC, dentre eles os de instituições as mais representativas do mercado de capitais, em particular, e da sociedade brasileira num sentido mais amplo.

Anseio da sociedade - A PREVIC será uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa e financeira, com patrimônio próprio e vinculada ao Ministério da Previdência Social. Segundo o relator do PL 3.962/08 na Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Chico D`Ângelo, além de se constituir ”numa exigência da Lei Complementar n° 109/01, a PREVIC não deixa de ser um anseio da sociedade, uma vez que, naquela comissão, todos os partidos votaram pela aprovação do projeto”.

O deputado ressaltou ainda o fato de, sendo o sistema brasileiro de fundos de pensão o oitavo do mundo, com um patrimônio de R$ 420 bilhões, e um dos poucos no mundo a não ter uma autarquia a supervisioná-lo, essa urgência na aprovação do projeto se fazia necessária. Chico d`Ângelo lembrou ainda que os fundos de pensão protegem mais de seis milhões de pessoas e que, ao longo dos 31 anos da Secretaria de Previdência Complementar praticamente todos seus ex-secretários foram favoráveis ao fortalecimento da estrutura do órgão supervisor.

Câmara de recursos - Durante a votação no plenário da Câmara dos Deputados, ocorrida no início da tarde, também os deputados relatores das comissões de Finanças e Tributação; Constituição e Justiça e Trabalho, Administração e Serviço Público se posicionaram favoráveis à criação da autarquia.


Outros pontos considerados relevantes na aprovação do projeto de criação da PREVIC foram, na área de regulação, a criação do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) -com participação quadripartite (poder público; participantes e assistidos; patrocinadores e instituidores; e fundos de pensão); o surgimento de uma instância de Recursos e de Julgamento, por meio da Câmara de Recursos da Previdência Complementar, para as decisões sobre sanções aplicadas aos fundos de pensão; e ainda a criação de uma Câmara de Mediação e Arbitragem, voltada para a conciliação dos interesses dos fundos de pensão, dos patrocinadores e dos participantes e assistidos. (Agprev-Abrapp)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Balancete de maio / 2009

Previ fechou o mês de maio com um resultado muito bom, consequência de uma recuperação no cenário econômico e do resultado positivo na Bolsa de Valores. Como eu falei na apresentação do balancete de abril, é hora de retornarmos as negociações de utilização do superávit, até porque essas negociações são muito lentas. Com a mudança na gestão do Banco, as discussões devem começar praticamente do zero, principalmente porque os três conselheiros titulares indicados pelo patrocinador renunciaram ao mandato esta semana. Serão três novos Conselheiros assumindo no próximo mês.

O Plano 1 fechou com ativo total: R$ 127,3 bi; provisões matemáticas: R$ 68,1 bi; superávit acumulado: R$ 35,2 bi; reserva de contingência (25% das provisões): R$ 17,0 bi; reserva especial p/ revisão do plano: R$ 18,2 bi; exigível contingencial: R$ 1,2 bi.

O plano Previ Futuro teve o resultado do mês de maio com ativos no montante de R$ 1,37 bi. Registrou um superávit técnico de R$ 6,2 milhões. A cota do Plano Previ Futuro variou positivamente em 3,88% bem acima da meta atuarial de 1,07% no mês.

BB amplia melhorias no crédito para seus funcionários

Essa matéria foi divulgada ontem pela Agência de Notícias do Banco e achei interessante compartilhá-la com vocês, principalmente os aposentados que não têm acesso ao SISBB e nem ao crédito com taxa diferenciada. Mais um motivo para a Previ rever o limite e o prazo do Empréstimo Simples, contemplando assim também os colegas aposentados.

"A partir de hoje, 23, o BB passa a oferecer melhores condições de crédito para funcionários. Considerando o novo cenário econômico, foram revisados o prazo, o teto das operações e as taxas de juros das linhas direcionadas para funcionários.

Nas linhas BB Crédito Salário Funci e BB Crédito Renovação Funci, as melhorias contemplam:
- Extensão do prazo de 84 para 96 meses;
- Ampliação do limite de empréstimo de R$ 60 mil para R$ 300 mil; e
- Revisão das taxas de juros conforme tabela abaixo:

Prazo Taxa Anterior Taxa Atual

02 a 06 meses 1,76 1,41
07 a 12 meses 1,81 1,41
13 a 60 meses 1,85 1,41
61 a 72 meses 1,85 1,57
73 a 84 meses 1,93 1,63
85 a 96 meses não disponível 1,63

Na modalidade CDC Micro Funci, a taxa de juros foi estratificada por faixas de prazo e passou para o intervalo entre 1,40% a.m. e 1,54% a.m. O prazo máximo foi mantido em 60 meses. "


Fonte: Agências de Notícias do BB.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

PREVI reajusta aposentadorias e pensões em 5,44%

Os aposentados e pensionistas recebem em junho reajuste nos benefícios da PREVI. Para os benefícios concedidos até 30/6/2008, o índice de reajuste acumulado da PREVI foi de 5,44%, correspondente ao INPC acumulado entre junho de 2008 e maio de 2009. O INPC é o indexador dos planos de benefícios da PREVI e é o mesmo utilizado pelo INSS para reajustar seus benefícios

Esse é o 13º reajuste desde a criação do Regulamento do Plano de Benefícios 1 e totaliza o índice acumulado de 197,07% desde 1997. No mesmo período, o INSS acumulou 135,96%. Veja tabela abaixo:


Ano PREVI % INSS %
1997 5,69 7,76
1998 4,69 4,81
1999 7,88 4,61
2000 14,20 5,81
2001 10,90 7,66
2002 9,39 9,20
2003 30,05 19,71
2004 7,97 4,53
2005 6,92 6,35
2006 2,75 5,01
2007 3,57 3,30
2008 6,64 5,00
2009 5,44 5,92

Acumulado 197,07 135,96

Fonte: www.previ.com.br

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fundos de Pensão vão poder correr mais riscos

"O governo vai mexer nas regras de aplicação dos fundos de pensão fechados — ou seja, criados para um grupo determinado, como os funcionários de uma empresa ou setor — para adequar o sistema à nova realidade econômica do país, de juros mais baixos, que reduz a rentabilidade das aplicações em renda fixa (como títulos públicos). Além de poder investir até 10% dos ativos no exterior, as entidades ganharão mais flexibilidade para aplicar em renda variável (em ações, por exemplo), investimento que pode render mais, mas também é mais arriscado. O teto, que hoje varia entre 35% e 50% dos recursos, dependendo da política de transparência de gestão adotada, poderá chegar a 70%.

A proposta prevê também a ampliação do teto para imóveis, fixada hoje em 8%. Mas, em vez de tijolos e cimento, a proposta é estimular a compra de valores imobiliários, via fundos de investimento (certificados e recibos de depósitos bancários, títulos imobiliários e do agronegócio).

As regras estão em estudo pela equipe econômica e serão submetidas em breve ao Conselho Monetário Nacional (CMN). Elas vão alterar a resolução 3.456, de junho de 2007.

Outra novidade será a criação de um segmento específico para quem quiser aportar recursos em infraestrutura.

Neste caso, o limite começaria com 3%. Nos países desenvolvidos, é permitido aos fundos aplicar até 7% dos seus ativos no setor. Em outra frente, a partir do segundo semestre, o governo vai obrigar os gestores dos fundos de pensão a fazerem curso de certificação, conforme já ocorre em outros segmentos do mercado.

E, a partir de 2010, todas as entidades terão que trabalhar com juros inferiores a 6% ao ano, além da inflação — a chamada rentabilidade, usada para trazer a valores atuais o volume de recursos que a entidade precisará ter em caixa, no futuro, para honrar a aposentadoria de seus participantes. Quanto maior a taxa, maior a folga de caixa.

A ideia é adotar uma espécie de escada, com redução de 0,25 ponto percentual a cada ano, durante determinado período, em quatro anos, por exemplo. Segundo um técnico envolvido nas discussões, o governo poderá amarrar as novas taxas a serem utilizadas pelos fundos ao título mais longo do governo (hoje a NTN-B/2045, com juros de 6,5% ao ano). Com a tendência de queda nos juros e consolidação dos fundamentos econômicos, o Tesouro Nacional também conseguirá vender títulos com juros mais baixos no futuro, explicou um técnico.

A proposta de redução da taxa de remuneração fixa dos fundos de pensão será apresentada ao Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC), formado por representantes do governo, das entidades e dos participantes dos fundos de pensão.
* Fonte primária da informação O Globo.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Matéria site Anabb sobre Empréstimo Simples

A matéria abaixo, divulgada no site da Anabb, retorna com a discussão do limite e prazo do Empréstimo Simples da Previ. A lógica está totalmente correta, apenas uma correção - a alçada para aprovação dessa matéria é da Diretoria Executiva e o Conselho Deliberativo apenas toma conhecimento do que foi aprovado pela Diretoria, diferentemente de outras matérias que a Diretoria apresenta o estudo e quem decide é o Conselho Deliberativo, como é o caso de matérias de mudança de regulamento, utilização de superávit, entre outras. Esta minha observação é só com o intuito de mostrar que o processo para aumento do limite e do prazo é bem mais simples, pois depende apenas de decisão da Diretoria.

Outro ponto a considerar é que vários Fundos de Pensão praticam limites e prazos bem superiores a Previ, porém com taxas maiores, como é o caso da FUNCEF, onde a taxa atualmente é de INPC + 7,9 a.a. (o nosso é INPC + 5,75% a.a.). Para conhecimento dos colegas, transcrevo abaixo resumo das Fundações:

PREVI - R$ 50.000,00 - prazo: 60 meses - indexador: INPC + 5,75% a.a. - margem: 30%
FUNCEF - R$ 55.000,00 - prazo: 96 m - indexador: INPC + 7,9 a.a. - margem: 40% (*)
CENTRUS - R$ 100.000,00 - prazo: 60 m - indexador: 100% do CDI - margem: 30%
FAPES - R$ 250.000,00 - prazo: 180 m - indexador: reajuste salarial +12a.a. - margem: 35% (**)
VALIA - 12 x salário ou 70% Reserva - prazo: 84 m - indexador: INPC + 1,3% a.m - margem:20%
ELETROS - 12 x salário - prestação: mín. 15% do salário - indexador: atuarial
REAL GRANDEZA - 10 x salário - prestação: mín. 15% salário - indexador: atuarial - margem: 30%

(*) O participante poderá solicitar suspensão por 4 meses da cobrança da prestação.
(**) é tabelado o limite de idade. Por exemplo quem tem mais de 60 anos, só pode financiar por 14 anos; quem tem 80 anos ou mais, só pode financiar por 5 anos.

Esses dados servem para os colegas observarem que as taxas praticadas pela PREVI são as menores entre as Fundações mais representativas e isso não podemos desconsiderar. Da mesma forma, não há motivos que levem a PREVI a não praticar limites e prazos mais altos, principalmente em um momento como o atual, onde o Governo tem estimulado a redução da taxa de juros e a oferta de crédito. Acredito que é o momento da nossa PREVI refletir sobre a questão e apresentar uma proposta que atenda aos anseios dos associados, uma vez que, por enquanto, a expectativa de distribuição de superávit está congelada, em função da Resolução CGPC 26 que encontra-se suspensa, com explicações já divulgadas em matérias anteriores aqui no Blog.

Acredito que uma proposta de aumento do limite e de prazo ajudará muitos colegas a aliviarem um pouco a carga de despesas até que consigamos prosseguir em propostas que efetivamente melhorem os benefícios dos colegas.


Quinta-feira, 04/06/2009 - 15h32m
Empréstimos simples: Previ pratica prazos menores que o mercado


Diante das frequentes notícias de redução dos juros bancários e até da ampliação do prazo das linhas de financiamento imobiliário pelo Banco do Brasil, surge uma questão: por que a Previ não amplia o prazo para pagamento de empréstimos simples aos seus participantes?
Apesar da crise econômica, o país manteve a estabilidade das instituições financeiras. Várias mudanças no BB comprovam que a crise não impediu o Banco de trabalhar com taxas de juros menores e maiores prazos. Em linhas gerais, isto se deve ao fato de que para estimular o crédito é preciso oferecer algumas facilidades como o prazo maior para pagamento dos financiamentos.
Diversos fundos de pensão têm prazos alongados para financiamentos de empréstimos aos seus participantes. O Funcef, Plano de Previdência Complementar dos Funcionários da Caixa Econômica Federal, por exemplo, pratica prazos que vão até 96 meses. No Fapes, Fundo de Pensão do BNDES, os empréstimos podem ser financiados em até 180 meses. No Banco do Brasil, o CDC para funcionários pode ser parcelado em até 84 meses. Este prazo também é seguido pela Valia, Fundo de Pensão dos Enpregados da Vale.
Entre todos esses exemplos, a Previ é quem pratica prazos mais curtos: 60 meses. O Conselho Deliberativo da Previ alterou, no ano passado, o limite de empréstimo de R$ 35 mil para R$ 50 mil. Na mesma época, o conselheiro deliberativo eleito da Previ, William Bento, também diretor da ANABB, apresentou proposta de aumento do valor e do prazo para o empréstimo simples: R$ 60 mil para 80 meses. O conselheiro considerou que a proposta poderia resultar em recursos novos disponíveis para os tomadores e na redução dos valores das prestações. A proposta não foi aprovada pelo Conselho.
Fonte: Agência ANABB


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Entrevista com o Presidente do Banco do Brasil para o Jornal Folha de São Paulo

Segunda-feira, 01/06/2009 - 11h08m

Segundo Bendine, Banco tem de recuperar seu papel histórico

Bendine afirma que o banco tem de recuperar o seu "papel histórico" como agente do desenvolvimento econômico, aumentando a concessão de crédito e liderando um movimento de redução das taxas de juros bancários praticadas no país. O executivo afirma, porém, que não haverá prejuízos ao Tesouro Nacional com essa nova política.

FOLHA - No início da semana passada, o Banco do Brasil reduziu as taxas de juros para as pessoas físicas. Foi uma resposta aos dados do Banco Central que mostraram aumento nos juros do banco em maio?
ALDEMIR BENDINE - O banco não fez nenhuma elevação de taxas. O ranking do Banco Central mede um outro tipo de situação. Não reflete as taxas de juros máxima e mínima de um banco. A redução anunciada na semana passada é uma ação de destravamento do crédito e de melhores condições em taxas de juros para incrementar na nossa base de clientes.

FOLHA - Se o ranking do Banco Central não mostra que banco tem a taxa mais elevada, para que serve?
BENDINE - O que o Banco Central quer mostrar é como é o comportamento do "spread" bancário num determinado momento. Não está procurando responder quem está cobrando mais nem menos. Os bancos estão sugerindo ao Banco Central que, além dessa taxa média, também divulgue uma tabela que mostre as taxas máximas e mínimas de cada instituição. Acredito que devem aceitar.

FOLHA - Há espaço para novos cortes nas taxas de juros do Banco do Brasil?
BENDINE - Há. Estamos finalizando os estudos para ajustes nas taxas para pequenas e médias empresas. Nessas linhas [para as pessoas físicas], dado o cenário atual, estamos com uma taxa bastante adequada e com o "spread" relativamente ajustado.

FOLHA - O setor financeiro é bastante concentrado no Brasil. Há concorrência entre os bancos?
BENDINE - Bastante. O Bradesco, por exemplo, está fazendo ampliação de prazos, financiamento de veículos por até 80 meses. A vida é dura aí fora [risos].

FOLHA - O sr. credita essas reações do mercado ao movimento do Banco do Brasil?
BENDINE - Você tem dúvida? [risos]

FOLHA - Mas, no fim de 2008, o Banco do Brasil elevou os juros em resposta à crise econômica.
BENDINE - Olhando para trás, não foi um movimento correto. Mas também é preciso admitir que, à época, os dados não estavam muito claros para quem tinha que tomar a decisão. Não critico.

FOLHA - O sr. teria tomado essa decisão?
BENDINE - Olhando hoje, não.

FOLHA - Qual seria a sua decisão?
BENDINE - Observar um pouco a inadimplência, mas sem grandes solavancos na taxa de juros. Nas linhas de financiamento internas não havia necessidade de um movimento tão abrupto.

FOLHA - O contrato de gestão com o Ministério da Fazenda está sendo cumprido?
BENDINE - Não existe contrato formal. Existe um compromisso moral da administração do banco nesse resgate do papel do banco público como agente de desenvolvimento. Não tenho nenhuma meta fixada em números.

FOLHA - O sr. concorda com a crítica da ministra Dilma Rousseff de que os bancos públicos se comportam como se fossem privados?
BENDINE - Num cenário econômico favorável, atuar como banco comercial atendia às necessidades do controlador. O que esteve amortecido ao longo dos últimos anos era a vocação do Banco do Brasil como agente do desenvolvimento e de cumprir, sim, uma política econômica do país.

FOLHA - Os bancos públicos devem ter o papel de atuar para destravar o crédito?
BENDINE - Num momento de incerteza e instabilidade, os bancos procuram menores riscos. Nessa hora eu acho que, sim, vale a pena o papel do banco público, desde que haja segurança. Os indicadores macroeconômicos do Brasil mostravam [no final do ano passado] que não estávamos sendo afetados de uma forma tão dura como outros mercados. É importante nessa hora que o banco público, respeitados os limites de segurança, passe a liderar esse movimento.

FOLHA - Isso quer dizer que um banco público pode assumir mais riscos, uma vez que há sempre a garantia da União?
BENDINE - Quando o investidor compra uma ação do Banco do Brasil, ele tem uma segurança maior porque é um banco que nunca vai quebrar. Esse investidor corre menos risco. Por isso, é natural que se pague um deságio em relação ao preço. Então, normalmente, não se espera uma rentabilidade tão grande quanto o investimento num banco privado. Mas o Banco do Brasil, além de ter essa garantia [da União], tem conseguido mostrar eficiência nos seus resultados.

FOLHA - Como evitar os rombos do passado, quando essa atuação de banco público fez o Banco do Brasil acumular desequilíbrios que exigiram aportes do governo?
BENDINE - Hoje, mesmo que se quisesse fazer movimentos fora da boa prática, não haveria como. O nosso sistema de governança não permite situações ousadas ou arriscadas que vivenciamos no passado.

FOLHA - A compra da Nossa Caixa e do banco Votorantim foi vantajosa para o Banco do Brasil ou foi uma operação de socorro?
BENDINE - O Banco do Brasil tinha uma presença extremamente tímida em São Paulo. A aquisição da Nossa Caixa permitiu corrigir essa deficiência. Foi um dos nossos melhores negócios. No caso do Votorantim, não foi nenhuma operação de socorro. Ali se casaram dois interesses: o do Banco do Brasil de ter uma solução para a questão de financiamento de veículos, e o do banco Votorantim, por outro lado, por ser um banco de médio porte, que naquele momento vivenciava uma nova realidade na sua estrutura de captação, que ficou mais cara.

FOLHA - O sr. fala em aumentar volume de crédito, mas o Banco do Brasil está perto do limite estabelecido pelo Banco Central para novas operações. Será necessária uma injeção de recursos do Tesouro?
BENDINE - Por nossas projeções, teríamos folga até o início de 2011.

FOLHA - E depois?
BENDINE - Nós vamos ter de, a partir do início do próximo ano, abrir uma discussão. Capitalização não é a única solução.

FOLHA - Quando o sr. assumiu, trocou cinco dos nove vice-presidentes do banco. Por quê?BENDINE - Porque eu queria um time mais aliado à minha forma de atuação.

FOLHA - Houve indicações políticas?
BENDINE - Nenhuma.

FOLHA - O sr. é uma indicação política?
BENDINE - Também não. Sou uma pessoa extremamente técnica. Comecei como menor aprendiz e já tenho 30 anos de casa.

FOLHA - O sr. tem algum vínculo com o PT?
BENDINE - Nunca tive nenhum tipo de filiação partidária ao longo da minha vida.

FOLHA - O sr. conhecia o ministro Guido Mantega?
BENDINE - Do relacionamento nos dois anos e meio em que fui vice-presidente do banco. Apesar de ser o presidente da República quem me indica, a minha prestação de contas se dá por meio do Ministério da Fazenda. Eu tenho um excelente relacionamento com o ministro da Fazenda. Ele vinha acompanhando os movimentos que o banco já começava a fazer naquele momento [quando o ranking do Banco Central apontou aumento nas taxas de juros do Banco do Brasil], logo no início da minha gestão, e eu acho que ele está satisfeito com a gestão do banco neste momento.

Fonte: Folha de São Paulo

Entrevista do Sergio Rosa

Segunda-feira, 01/06/2009 - 11h25m

“Mesmo com a crise aguda, ainda estamos superavitários ”, diz Sérgio Rosa O poderoso fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil vem se transformando numa espécie de marca onipresente nos grandes negócios do País. O caso Perdigão/Sadia não fugiu à regra. E, dependendo do desfecho da oferta pública de ações prevista para o próximo mês, pode ampliar ainda mais a exposição da Previ em investimentos na bolsa de valores, que hoje beira os 60%. Uma relação tão alta, que o fundo, que planejava desinvestir R$ 1,7 bilhão este ano, mudou sua meta para R$ 3 bilhões, por causa da melhora do mercado, que elevará ainda mais o capital em títulos e ações. Administrando um superávit de R$ 32 bilhões e participando do controle de nove grandes empresas, tendo a Vale no topo da lista, ele está realmente rindo à toa.O ex-dirigente do Sindicato dos Bancários acostumou-se a participar de negócios bilionários. Mesmo com todas as perdas provocadas pela crise econômica e pela despencada da bolsa desde então, a Previ é dona de uma carteira de investimentos de R$ 121,5 bilhões, sendo R$ 72,4 bilhões movimentados na Bovespa. Rosa diz que o negócio com a Sadia foi uma oportunidade, mas também fez parte de uma estratégia de crescimento da Perdigão (onde os fundos de estatais detêm 36% do capital) e acredita que novas consolidações de mercado devem ocorrer. Mas não tem pressa em buscar outras apostas. "Temos de avaliar o que é realmente oportuno", diz o Sr. Previ A seguir, os principais trechos da entrevista.

Jornal: Como a Previ pretende aproveitar a "liquidação" da crise: com capital pulverizado ou aumentando a participação no controle de empresas?
Rosa: No geral, preferimos criar participações mais líquidas, menos vinculadas a blocos de controle, que nos deem alternativas mais fáceis de desinvestimento. Mas isso varia de participação a participação. De qualquer forma, não estamos vendo exatamente uma liquidação de mercado. Há algumas oportunidades, mas no geral as empresas estão sólidas, estão bem.

Jornal: A Previ continua com exposição grande em renda variável?
Rosa: É incrível, mas mesmo com a crise muito aguda, como a que está ocorrendo, ainda assim estamos superavitários e desenquadrados. Hoje estamos na casa de 60% em ações e com R$ 32 bilhões de superávit. Estamos bem. Não há problema com relação a esses ativos, temos pelo menos até 2014 para fazer o enquadramento (às regras de investimentos da Secretaria de Previdência Complementar). Não tem pressa. Estamos bem e temos tempo para avaliar negócios que realmente se apresentem oportunos.

Jornal: A Previ pretende adotar um padrão de governança em todas as empresas que controla?
Rosa: A gente depende dos outros sócios. Não podemos fazer nada sozinhos. Vemos as regras gerais do Novo Mercado como as melhores. Mas isso não é também uma lei absoluta. Percebemos que não há uma característica padrão entre as empresas que entregam bons resultados. Algumas são empresas familiares, outras estão no novo mercado.

Jornal: Há algum tempo a Previ não anuncia uma grande venda de ações. A estratégia de desinvestimento mudou?
Rosa: De forma alguma. Nos últimos quatro anos vendemos, aproximadamente, R$ 10 bilhões em participações. A lógica da venda de ativos é ditada pelo passivo atual. É incrível, mas mesmo com a crise muito aguda, como a que está ocorrendo, ainda assim estamos superavitários. Uma prova de solidez de nosso plano de investimentos é que passamos o pior da crise superavitários. Hoje, o superávit é de R$ 32 bilhões. Já chegou a R$ 52 bilhões no final de 2007. Para este ano, havíamos projetado desinvestir R$ 1,7 bilhão. Como o mercado melhorou mais rápido, o que elevará essa participação em renda variável, acredito que chegaremos ao fim do ano com desinvestimento em torno de R$ 3 bilhões.

Jornal: Há ainda grandes investimentos problemáticos?
Rosa: Muito pouca coisa. A maioria foi equacionada. Fizemos uma redução drástica de ativos com perfil de grande risco. Temos hoje em carteira em torno de R$ 300 a R$ 400 milhões neste grupo. Não é muito, comparado ao nosso portfólio. Já chegamos a ter entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões de ativos com perfil de dívida inadequado, incluindo aí a BrT, pela qual vamos receber R$1,6 bilhão.

Jornal: Juros da economia estão entrando em outro patamar. Isso pode prejudicar a remuneração dada pela Previ?
Rosa: Nossa visão sobre isso é positiva. A taxa de juros reflete os bons fundamentos da economia. Em geral, a carteira dos fundos reflete a valorização de seus ativos em renda variável, imóveis e outras alternativas. Temos de buscar rentabilidade em outros segmentos. Já temos uma política mais semelhante aos fundos lá de fora, que têm carteira muito diversificada, ao contrário dos fundos brasileiros, que sempre se concentraram muito em renda fixa e títulos de governo. A tendência é manter essa diversificação. Essa é a regra básica.